sexta-feira, 23 de outubro de 2009

ADEUS

"Um dos piores sentimentos, um dos mais doloridos é a dor da perda.

Odeio despedidas; são dolorosas. O tempo pára num abraço que poderia demorar horas. Ninguém quer perder, ninguém gosta de sentir a dor de um adeus. Pessoas em nossas vidas vêm e vão, temos isso em nossa mente desde a infância, quando perdemos pessoas queridas, ou até mesmo nosso animal de estimação. Aprender a lidar com a perda, com o adeus, com a morte são coisas que nem quando adultos conseguimos.

Quantos namoros terminam por dia? Quantas pessoas perdem seus entes queridos por dia? Quantos adeuses são ditos em cada segundo de um dia inteiro? Quantas lágrimas são derramadas? Qual o gosto de um beijo de dois amantes que se despedem definitivamente de seus amores? Saber que será o último, saber que não haverá mais olhares, toques, carícias, enfim, amor.

Já encontrou alguém sabendo que seria a última vez? O aperto no peito, até mesmo tentando adiar o momento, ter mais um pouco, esperar mais, sentir mais uma vez. Ter, ter. Temos a impressão que “temos” as pessoas ao nosso redor, essa sensação egoísta que tanto faz parte da humanidade, o berço do ciúme.

Possuir é mais importante do que amar. Afinal, amor é um verbo tão sublime, não permite ciúmes, ao se pensar na sua forma plena e altruísta. Estamos aqui para aprender, evoluir, mas nossos passos nem sempre são racionais, nem sempre são pautados em amor e altruísmo. Estamos rodeados de egoísmo, de posse, de ciúme, do ter. Como separar nossos sentimentos de tanta coisa que fomos compelidos a repudiar por serem sentimentos baixos, menores.

Algumas vezes o adeus é dito por altruísmo, saber que precisa ser cortado um laço justamente por amar, justamente por não poder ver sofrer aquele alguém que intimamente é parte de sua vida. Não acredito que estes casos sejam muitos, o ser humano é egoísta por natureza, sente a necessidade de ser amado por quem ama seja qual for o preço.

Perdi poucas pessoas em minha vida, mais pelos acasos e desencontros do destino do que para a inevitável e irremediável morte. Algumas voltam, depois de anos, reerguer amizades, reencontrar amores inesperados, a vida é cheia de surpresas, quem sabe o seu adeus não seja para sempre? Quem sabe a vida lhe prepara uma surpresa?

Uma amiga que perdeu seu pai não cansa de dizer; não deixe de demonstrar, de dizer o quanto ama, a vida não vai esperar momento certo, o momento certo é agora.

A vida é assim, pessoas vêm e vão, temos de nos adaptar ao adeus, adaptar aos reencontros e, na pior das hipóteses, conviver com a dor de um nunca mais."

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